Envolto pela névoa que, numa madrugada benzida pela luz da lua, ganha formas fantasmagóricas, estou. Apago mais uma lâmpada apenas por estar perto dela. Que se lixe. Ela voltará a acender daqui a minutos. O sobreaquecimento nestas madrugadas de inverno é lixado.
Solta-se uma briza, um supiro da natureza, que mexe e remexe o nevoeiro de milhares, milhões de partículas em suspensão em volta de mim. Esse vento trás uma caruagem negra. Não, um carro. Ouvem-se os pneus como se em cima de neve cruzassem.
"Andas a fugir do dia para esta noite de pedra? Para desaparecer como a luz se esvai da minha alma?" Perguntou o passageiro.
"Nem por isso", respondi com indiferença. Na verdade ele intrigava-me, mas não me interessava.
"Conduzo nesta estrada sem fim, porque não posso inverter o curso do tempo. Sabes há pessoas que desejam nunca ter nascido, desperdiçando estas madrugadas, como rosas que nascem dos espinhos de Jesus Cristo." Continuou.
Encostei-me ao frio candeeiro, sentindo o toque gélido na minha espinha, e respondi "Os espinhos nascem das rosas, não o oposto. E desde aí, se calhar até tem razão, caro senhor. Por por atribulações se pode alcançar leves e frescas rosas cobertas de neblina matinal. Depois de subir tantos espinhos."
"Gostava de conhecer uma ave de rapina, que me levasse a ver o sol. Sob o qual os lagartos tanto tempo passam. Debaixo do sol, esquecendo a noite." Suspirou.
Olhei para a lua. "Os teus corvos não o podem levar, caro senhor. Esperas um falcão branco, talvez? Sim, gostava de saber se também a morte pode morrer, e aí o senhor seria verdadeiramente livre. Livre de caminhar longe destas madrugadas desperdiçadas."
O passageiro do carro levou a mão ao crâneo, tocando no chapéu num acto de comprimento. E arrancou. Deixando-me só naquela fria noite, continuou na sua eterna caminhada nestas madrugadas desperdiçadas.
Solta-se uma briza, um supiro da natureza, que mexe e remexe o nevoeiro de milhares, milhões de partículas em suspensão em volta de mim. Esse vento trás uma caruagem negra. Não, um carro. Ouvem-se os pneus como se em cima de neve cruzassem.
"Andas a fugir do dia para esta noite de pedra? Para desaparecer como a luz se esvai da minha alma?" Perguntou o passageiro.
"Nem por isso", respondi com indiferença. Na verdade ele intrigava-me, mas não me interessava.
"Conduzo nesta estrada sem fim, porque não posso inverter o curso do tempo. Sabes há pessoas que desejam nunca ter nascido, desperdiçando estas madrugadas, como rosas que nascem dos espinhos de Jesus Cristo." Continuou.
Encostei-me ao frio candeeiro, sentindo o toque gélido na minha espinha, e respondi "Os espinhos nascem das rosas, não o oposto. E desde aí, se calhar até tem razão, caro senhor. Por por atribulações se pode alcançar leves e frescas rosas cobertas de neblina matinal. Depois de subir tantos espinhos."
"Gostava de conhecer uma ave de rapina, que me levasse a ver o sol. Sob o qual os lagartos tanto tempo passam. Debaixo do sol, esquecendo a noite." Suspirou.
Olhei para a lua. "Os teus corvos não o podem levar, caro senhor. Esperas um falcão branco, talvez? Sim, gostava de saber se também a morte pode morrer, e aí o senhor seria verdadeiramente livre. Livre de caminhar longe destas madrugadas desperdiçadas."
O passageiro do carro levou a mão ao crâneo, tocando no chapéu num acto de comprimento. E arrancou. Deixando-me só naquela fria noite, continuou na sua eterna caminhada nestas madrugadas desperdiçadas.